Presentes no cotidiano dos brasilienses, o combate a incêndios florestais e as capivaras foram temas de dois painéis do webinário sobre Cerrado promovido pela Secretaria do Meio Ambiente. O evento fez parte da programação da Semana do Cerrado 2021, realizada pela Sema e o Projeto CITinova.
Para Sarney Filho, secretário de Meio Ambiente do DF, “as ações abordadas ajudam a cuidar do Cerrado, contribuindo com a mitigação às mudanças do clima para a saúde e bem-estar da população”.
Pesquisa sobre capivaras
Espécie típica do Cerrado, que desperta grande interesse da população, as capivaras foram o tema da reunião, coordenada pela chefe da assessoria estratégica da Sema, Suzzie Valadares.
O Projeto de Monitoramento das Capivaras no Lago Paranoá começou neste mês, com recursos do Fundo do Meio Ambiente- FUNAM e possibilitará mensurar a população que vive na orla do lago. O estudo fará um levantamento das condições de saúde e vai identificar os locais de maior incidência da espécie. O trabalho tem duração de 12 meses, com prorrogação por até sessenta dias.
Helga Widerhecker, doutora e professora da Universidade Católica de Brasília, destacou que a percepção da população de que o número de capivaras está aumentando está relacionada com as mudanças que a orla do Lago Paranoá vem sofrendo. “Nessas últimas décadas, vimos a ocupação progressiva de áreas na orla que eram ocupadas originalmente por vegetação natural,” explicou a pesquisadora. Ela lamentou os incidentes ocorridos recentemente -duas pessoas feridas por capivaras- e defendeu um amplo programa de educação ambiental.
Para José Roberto Moreira, doutor e pesquisador aposentado da Embrapa e voluntário da pesquisa, “a população humana está cada vez mais consciente do convívio com a vida silvestre”.
A harmonia entre as pessoas que frequentam a orla do lago é muito importante, e educar e informar a população é uma das formas de proteger a espécie e os próprios cidadãos de eventuais incidentes.
Cuidados
A orientação é manter a distância, respeitar e compreender que são animais silvestres. Se for entrar na água, observar se tem capivaras na orla ou se há vestígios do animal nas proximidades. “Esses cuidados são muito importantes, e o sucesso da espécie nas cidades se deu muito pelo fato dela se adaptar facilmente aos seres humanos”, afirmou Thiago Silvestre, analista ambiental do Brasília Ambiental.
É preciso entender que a presença de capivaras, saguis e corujas nas Unidades de Conservação, por exemplo, é um bom sinal para os objetivos de preservação da natureza vem ocorrendo”, declarou Suzzie Valadares.
Paralelamente à contagem sobre a população de capivaras, há o contexto da educação socioambiental, no qual o projeto conta com a comunicação entre a equipe e a sociedade civil para coletar informações e entender a percepção das pessoas sobre os animais.
“Estamos muito curiosos para ver os resultados e ansiosos para que eles contribuam para a formulação de políticas públicas”, disse Widerhecker.
Mulheres do fogo
Para abordar a questão dos incêndios florestais, outro encontro contou com a presença das “mulheres do fogo”, brigadistas do Brasília Ambiental e do Corpo de Bombeiros Militar do DF que enfrentam, durante o período de seca na região, desafios junto com as equipes contratadas anualmente.
Para Carolina Schubart, assessora especial da Sema que coordenou o painel, “estamos vivendo uma situação muito complicada em relação aos incêndios florestais, e a Semana do Cerrado traz justamente essa questão das mudanças climáticas”.
Temperaturas elevadas e umidade relativa do ar abaixo dos 30%. Segundo Morgana Almeida, meteorologista do Inmet, nos próximos anos, os brasilienses devem enfrentar o agravamento e prolongamento dos períodos de estiagem, com muito calor e baixa umidade, que agravam os riscos de incêndios florestais.
Ela destacou a importância da adoção de medidas de adaptação às mudanças do clima. Para isso, “a educação é uma ferramenta muito importante para conscientizar a população e valorizar nossos recursos naturais para vivermos em harmonia com o meio ambiente”, disse Morgana Almeida.
Lara Steil, analista ambiental do Prevfogo/Ibama, reforçou a necessidade de comunicação entre as equipes que trabalham no combate aos incêndios florestais e a população.
Brigadista do Brasília AmbientaL, Isabella Ferreira falou dos desafios que que enfrenta no trabalho, como o calor intenso , o peso dos equipamentos e o risco da missão. Mesmo assim, els se sente orgulhosa da profissão que escolheu. “Já estudei na área, minha irmã é bombeira, tenho amigas brigadistas e sempre quis trabalhar cuidando do meio ambiente”, afirmou.
Integrando para enfrentar o fogo
No DF, o Plano de Combate a Incêndios Florestais (PPCIF) funciona como um sistema de parcerias institucionais que visam a proteção do cerrado. O plano conta com uma estratégia de ação própria e possui como princípios a integração e a cooperação mútua, objetivando a otimização da aplicação dos recursos humanos e materiais disponíveis.
O PPCIF foi reformulado pelo Decreto 37.549 de agosto de 2016, que criou o Sistema Distrital de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, com o objetivo de promover a articulação entre os órgãos visando a otimização dos recursos humanos e materiais para execução do PPCIF.
Neste ano, o plano contratou 150 brigadistas para o DF, além dos profissionais do Prevfogo/Ibama, que atuam em todo o país.
Assessoria de Comunicação
Secretaria do Meio Ambiente