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12/01/18 às 9h34 - Atualizado em 30/10/18 às 11h07

Espiritualidade domina debate no seminário Águas pela Paz

No primeiro dia, autoridades religiosas, acadêmicas, executivas federais e do DF defenderam o reconhecimento de que a água representa a própria vida e tem que ser entendida em todos os seus aspectos, inclusive filosóficos e espirituais.

 

Brasília (12/1/2018) – Cerca de 900 pessoas compareceram na tarde desta quinta-feira (11) à principal programação do primeiro dia do seminário internacional Águas pela Paz. O auditório principal do Museu Nacional da República estava com sua capacidade de 700 lugares lotada, além de pelo menos 200 pessoas sentadas no chão para assistir a palestra do guru Sri Prem Baba, no final da tarde.

 

O recado do guru confirmou aquilo que as autoridades acadêmicas, executivas e tradicionais afirmaram ser o propósito do seminário, ao defender uma aliança global para a preservação da água. É necessário encarar o desafio de preservar as fontes de água no planeta a partir da espiritualidade e com o reconhecimento de todas as formas de saber da humanidade.

 

“Água é a própria vida”, foi o mantra repetido por todos na tarde de ontem. E para que isso se dê, enfatizou o líder espiritual, é necessário que o ser humano faça uma reforma íntima para rever seus valores, sentimentos e mudar suas atitudes em relação ao precioso líquido da natureza.

 

O governador Rodrigo Rollemberg, na mesa de abertura do seminário, enfatizou a necessidade de reunir todas as formas de conhecimento para encontrar soluções que superem a crise hídrica no mundo – o científico, os tradicionais e os espirituais sobre a água. “É o momento de dar o salto de qualidade em relação aos cuidados com a água”, afirmou.

Secretário Adjunto do Meio Ambiente, Felipe Ferreira, fala na abertura do seminário

 

Representante do secretário de Meio Ambiente, Igor Tokarski, o adjunto, Felipe Ferreira, afirmou a política da secretaria de assegurar sustentabilidade nas ações relacionadas com a água no DF, e também o esforço do governo de reduzir o desconforto da população, mesmo em tempos de racionamento no abastecimento hídrico. Defendeu a necessidade de “trazer uma nova consciência coletiva e unificada em que o amor ao próximo seja a ferramenta mais importante, e, assim, o uso da água será sustentável”.

 

Participaram da mesa de abertura, presidida por Sri Prem Baba, além do governador e de Felipe Ferreira, representantes do Centro Internacional de Água e Transdisciplinaridade (Cirat), da Câmara Legislativa do DF, Unesco, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Universidade de Brasília (UnB), do Fórum Alternativo do Meio Ambiente (FAMA), da Agência Nacional de Águas (ANA), do governo de Goiás, e da Sabesp.

 

O primeiro painel do seminário tratou dos saberes sobre água a partir da perspectiva das tradições religiosas. Fizeram suas exposições representantes das religiões judaica, católica, muçulmana, budista, Terreiro Nagô, e dos índios Tucanos.

 

Ruth Grinberg (Judaísmo) – “A água é catalisadora da limpeza, purificação, transformação, renovação e agradecimento, e representa Deus”. Foi purificadora no Dilúvio, descrito no livro Torá. Foi transformadora, na passagem do povo hebreu pelo mar Vermelho, narrado no livro Êxodo.

 

Leonardo Steiner, bispo auxiliar de Brasília (Catolicismo) – A água viva vem de Jesus de Nazaré – Ele é a fonte da vida. Citou passagens do Novo Testamento da Bíblia como Jesus com a samaritana, que pede a água da vida eterna, assim como o episódio em Caná, quando Jesus transforma água em vinho numa festa de casamento, além do uso da água purificada no “sábado santo” e no batismo. “A água é o elemento fundamental da espiritualidade cristã”.

 

Monge Sato (Budismo japonês) – Falamos muito nos oceanos e pouco nas montanhas e vales. O oceano representa a vastidão, é plano e representa a Terra Pura. As ondas que vão e vêm, são símbolos das dificuldades da vida. O monge apresentou a sutra da transformação da água em solo firme.

 

Imã Mohammad Al Bukai (Islamismo) – Todas as coisas foram criadas a partir da água (Surata 21, versículo 30, Alcorão). Fazer abluções (lavar-se) antes de orar cinco vezes ao dia. Banho obrigatório após relações sexuais. Usado nas preparações fúnebres. “Não podemos desperdiçar água, mesmo nos rituais sagrados”.

 

Babalorisa Ogun Tòórikpe (Terreiro Nagô) – “Tudo começa e termina com a água”. Axé significa força vital. Para a cultura nagô, precisamos da água para o axé na terra, nos animais e nas florestas. Não há orixá sem água.

 

Álvaro Tucano (Índios Ye Pam Massam) – O Grande Espírito Universal criou o mundo das estrelas e depois o mundo das coisas. E criou o espírito das águas, o espírito das florestas e os espíritos das montanhas. Nós somos habitantes das florestas, guardiões e dependentes das águas.

 

Sri Prem Baba

O líder espiritual e idealizador do movimento Awaken LOVE, Sri Prem Baba, falou por 30 minutos para propor a aliança global em defesa da água. “É um movimento que deve se desdobrar em ações práticas”.

 

De acordo com sua proposta, é necessário “tocar na subjetividade, que deve ser considerada para resolver o desequilíbrio que há no uso e na compreensão da água”. O homem, afirma, se distanciou das fontes da água e perdeu muitos dos seus significados, inclusive a percepção da sua finitude.

 

“A água enseja a cooperação, o compartilhamento, a paz”. E, afirma, na base do compartilhamento da água está o entendimento de que esse líquido é destinado a todos.

 

Ao olhar a água como símbolo dos nossos sentimentos, prega o líder, podemos perceber que não sabemos lidar com a água, assim como não sabemos lidar com nossos sentimentos. “A cura do sofrimento se dá por meio de uma reforma íntima”.

 

Defendeu a aliança global “para enfrentar a crise gerada pela insensatez humana”. Por isso propôs canalizar o conhecimento para construir um documento para ser entregue no 8º Fórum Mundial da Água”. Ao concluir, afirmou: “Água é a manifestação do amor divino”.

 

Você pode ter informações completas sobre o seminário, inclusive a programação dos próximos três dias aqui.

Agência Brasília: Águas pela Paz propõe aliança mundial em prol dos recursos hídricos.