Há 7 anos Juliana Faber Piracanga passou a morar na Comunidade Inkiri Piracanga, próxima a Itacaré na Bahia. Hoje, o local onde vivem 200 pessoas recebe anualmente 2 mil visitantes para conhecer os 25 projetos sustentáveis desenvolvidos pelos moradores. Foi essa proposta de comunidade apresentada na manhã desta quarta-feira (22) no 8º Fórum Mundial da Água, na Vila Cidadã.
À convite da Secretaria de Meio Ambiente do Distrito Federal, Juliana compartilhou um pouco dos casos de sucesso que a comunidade possui com o uso e produção de produtos biodegradáveis que não agridem a água, gestão de resíduos sólidos, banheiros secos e energia solar.
“Queremos que as pessoas saibam que podemos gerar um impacto positivo onde moramos e sair do espaço de reclamação. Temos que trazer esse espaço de presença de volta e fazer a nossa parte”, completou.
Inkiri tem uma área de 100 hectares, mas a comunidade ocupa apenas 20, sendo os 80 restante área de preservação. Na área habitada eles criaram o laboratório “Templo das Águas” onde existe um núcleo de solução ecológica em pequena escala. A economia local também é própria, possui um banco comunitário, uma moeda local e um sistema administrativo diferenciado para gerir o que eles chamam de “Floresta de Projetos”.
Cercados pelo rio e pelo mar, e ocupantes de uma área onde o lençol freático é muito próximo à superfície, a comunidade tem uma preocupação especial com os recursos hídricos. “Nossa ideia é que a gente consiga se conectar com a água nos momentos que estamos com ela. Saber que a água tem memória e informação. Se eu estou presente e consciente dessas qualidades intrínsecas da água elas podem ser úteis e curadoras”, explicou.
Tilde Lima, servidora do Governo de Brasília, ficou encantada com a apresentação de Juliana. “Foi muito boa a palestra. A didática e a explicação dela são incríveis. Nos fez realmente pensar sobre o que acontece no ciclo da água com os exemplos da comunidade dela”, disse.
ZEE-DF
O Zoneamento Ecológico-Econômico do Distrito Federal (ZEE-DF) também foi tema de palestra no Fórum Mundial. Maria Sílvia Rossi, subsecretária de Planejamento Ambiental e Monitoramento da SEMA-DF apresentou os avanços e inovações feitas pela secretaria na condução do ZEE.
Ela informou ainda que o Projeto de Lei do ZEE foi analisado na Casa Civil e está sendo encaminhado para a assinatura do governador do DF, Rodrigo Rollemberg. “Vamos deixar um legado. Pela primeira vez, depois de 23 anos de legislação, teremos um zoneamento que ainda é considerado inovador pelo Ministério do Meio Ambiente”, comemorou Maria Sílvia.
A subsecretária destacou ainda que os avanços só foram possíveis graças a união de 23 órgãos do Governo de Brasília, do Ministério Público do Distrito Federal, do Ministério do Meio Ambiente e do Tribunal de Justiça do DF.
Daniel Evaldt, servidor do Escritório de Projetos Especiais, disse que a palestra sobre o ZEE foi uma das melhores que assistiu na Exposição do Fórum. “A gente trabalha com os projetos e não consegue entender de onde vêm certas restrições. Com a apresentação foi possível compreender varias coisas”, disse ele.
Sexta-feira (23) é o último dia de programação na Vila Cidadã. A SEMA-DF realizará mais duas oficinas e uma palestra que encerrarão a participação da secretaria no Fórum Mundial da Água.
PROGRAMAÇÃO 23/03
09h – Água, Ecologia Profunda e Cultura de Paz : Os desafios contemporâneos evidenciam a fragmentação entre seres humanos e as águas do mundo.
12h – Água para todo o mundo em jogos de cooperação: A lógica proposta pelos Jogos Cooperativos, enquanto Pedagogia da Cooperação busca uma sinergia entre Visão-e-Ação, Teoria-e-Prática, Sonho-e-Realidade, Todo-e-Parte, Indivíduo-e-Coletivo e Cada Um-Consigo Mesmo, ou seja, entre tudo e todos que se acham isolados, separados ou em oposição uns aos outros.
16h – Painel “Os avanços no conhecimento sobre a água no DF através da pesquisa induzida pelo poder público”.