Dando continuidade à programação da Semana do Cerrado, a Secretaria de Meio Ambiente e o Projeto CITinova realizaram, na manhã desta quinta-feira, o Webinário Cerrado, com o bioma como tema articulador de quatro painéis. O primeiro deles tratou sobre a “Recuperação da Orla do Lago Paranoá – Lago Sul ao Riacho Fundo: resultados e vivências”.
O debate foi coordenado pela subsecretária de Assuntos Estratégicos, Márcia Coura, da Sema e teve como participantes a coordenadora do Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, Carolina Schubart, e Flávia Ilíada, representante da Comissão de Gestão de Parcerias, ambas da secretaria. E ainda a coordenadora executiva do Instituto Rede Terra (IRT), Flávia Stela, o coordenador-geral do projeto, Miguel Marinho Brandão e o coordenador de plantio, George Melo.
O evento foi aberto pelo secretário de Meio Ambiente, Sarney Filho. “Hoje abordamos pautas importantes para o uso e a conservação do Cerrado, destacando ações que a Secretaria de Meio Ambiente tem realizado para mitigar os impactos das mudanças do clima no DF. Elas contribuem para cuidarmos do Cerrado e de suas águas, incentivar a correta deposição de resíduos e promover a manutenção da biodiversidade, iniciativas que, ao mesmo tempo, promovem saúde e bem estar para a nossa população”, afirmou.
As ações fazem parte do Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas e Danos nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) da Orla do Lago Paranoá, que tem como objetivo garantir que o Lago Paranoá cumpra funções ecossistêmicas como estabilidade das margens, corredores ecológicos, biodiversidade, embelezamento de Brasília, amenização do clima, navegação e lazer.
Na orla do Lago Sul, estão sendo recuperados 75 hectares ao longo das Áreas de Preservação Permanentes (APPs), com investimentos R$ R$ 2.461.710, provenientes do Fundo Único do Meio Ambiente (Funam). A primeira etapa do trabalho foi realizada na Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) do Bosque, na QL 10, no início do ano passado, onde foram recuperados 4,5 hectares, com o plantio de cerca de 1.770 mudas de variadas espécies nativas do Cerrado. No final do ano, em outubro, houve novo plantio, desta vez de sementes, na QL 8. De dezembro de 2020 até o momento, aproximadamente 46,51 hectares de área receberam ações de recuperação e a previsão é de que até o final deste ano 44.230 mudas sejam plantadas.
“O projeto é a menina dos nossos olhos. É um prazer enorme ver iniciativa se concretizando”, disse Márcia. Para Miguel, os projetos de recuperação em larga escala neutralizam os efeitos dos gases que modificam o clima. “Cada dia a gente tem visto mais projetos assim e parabenizo a Sema por esta iniciativa”, afirmou.
Proteção contra o fogo – Carolina Schubart destacou que o projeto se atentou com a proteção das espécies. “A prevenção foi uma preocupação da Sema e o IRT teve o cuidado ao fazer aceiros, por exemplo. Afinal, não adianta plantar se não pensar também em proteger”.
George Melo chamou a atenção para o papel das árvores no sequestro de carbono. “Elas têm o importante papel de reter umidade, armazenar água da chuva, que depois vai para o ar por evaporação, amenizando o clima. As árvores transpiram uma quantidade enorme de água, podendo ser de 100 a mil litros por dia, dependendo do tamanho. O que dá um papel relevante a trabalhos de recuperação e manejo do solo como o que está sendo feito na orla do Lago Paranoá”, afirmou.
Plantio – Entre as milhares de mudas de espécies nativas plantadas, algumas se adaptaram muito bem, como o angico, tamboril, marinheiro e aroeira pimenteira. Outras, como as palmeiras nativas a exemplo do buriti, gueroba e jerivá, viraram alvo preferido das capivaras e foram exterminadas. Já o ipê branco, que precisa de pouca umidade também teve grande mortalidade no ambiente úmido das proximidades do lago.
“Fizemos o mapeamento para o projeto pela água. Mas a prática foi nos dando um outro aprendizado a partir do trabalho em campo”, lembrou Flávia Ilíada ao se referir a algumas dificuldades de acessar a orla do Lago, que apesar de pública tem áreas domiciliares. Assim, muitas vezes o maquinário necessário, teve que entrar por garagens de propriedades privadas, “o que exigiu um trabalho de articulação diretamente com os moradores e instituições”, acrescentou.
Flavia Stela percebeu a mudança na recepção do projeto por parte da população. “No começo alguns moradores se mostraram resistentes às atividades. Mas teve caso dessas mesmas pessoas entrarem em contato com o IRT para se voluntariar a contribuir com as ações”, contou.
Lago Norte – Na Orla do Lago Norte 40 hectares serão recuperados a partir de recomposição florestal com espécies vegetais (arbóreas, arbustivas e/ou herbáceas) nativas, no Âmbito do Edital Recupera Cerrado, lançado pela Fundação Banco do Brasil, em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e o Brasília Ambiental, com recursos de R$ 1,42 mi. O início do plantio vai ocorrer na segunda estação chuvosa deste, no final do semestre.
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Assessoria de Comunicação
Secretaria do Meio Ambiente