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6/10/22 às 19h57 - Atualizado em 6/10/22 às 19h57

Sema apresenta resultados de projeto-piloto que criou duas novas unidades de Comunidade que Sustentam a Agricultura (CSA) nas Bacias do Descoberto e do Paranoá

Iniciativa contou apoio do Projeto CITinova e parceria da Seagri e da Emater

 


Resultados do projeto-piloto Criação de Duas Unidades de Comunidades que Sustentam a Agricultura (CSAs) no Distrito Federal, realizado pela Secretaria de Meio Ambiente, foram apresentados na manhã desta quinta-feira, 6/10, no auditório da Administração do Plano Piloto, em Brasília. A iniciativa conta com apoio do Projeto CITinova e parceria da Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri), o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e da Universidade Internacional da Paz (Unipaz-DF).

 

A apresentação das atividades e seus resultados foi realizada por Andrea Zimmermann e Renata Navega, da Matres Gestão Socioambiental, responsável por implementar o projeto, entre dezembro de 2021 e setembro de 2022.

 

A CSA é um modelo que une produtores de alimentos orgânicos e consumidores em torno de um grupo fixo que se compromete a cobrir o orçamento anual da produção agrícola, tendo em vista o desenvolvimento agrário sustentável e o escoamento de produtos orgânicos diretamente ao consumidor, aproximando quem produz e quem consome.

 

Ipê Rosa e Água e Vida, as unidades criadas, são compostas por quatro produtoras familiares das Bacias do Descoberto e do Paranoá, que tiveram acesso a processos de produção de alimentos mais amigáveis ambientalmente com vistas à proteção das bacias e tributários dessas regiões, incluindo a técnica dos Sistemas Agroflorestais (SAFs) Mecanizados, por meio de cursos, capacitações e assistência técnica.

 

Voltada a fortalecer a produção e as cadeias locais de comercialização, a ação contribui para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), principalmente os que tratam sobre Fome Zero e Agricultura Sustentável e Água Potável e Saneamento.

 

“O foco do projeto-piloto foi testar boas práticas de produção, envolvendo os três pilares da sustentabilidade, com ações ambientalmente saudáveis, socialmente equitativas e economicamente eficazes”, explica o secretário de Meio Ambiente, Sarney Filho.

 

De acordo com ele, a ação ajuda a refletir sobre práticas de produção fundamentadas em bases sustentáveis. “Portanto, é de grande importância, assim como, promove a divulgação interna e apropriação dos processos, testes e resultados que podem contribuir para a elaboração de políticas públicas e sinalizar pela continuidade das ações por meio do acompanhamento e apoio institucional”, destaca.

 

Sarney Filho também chamou a atenção para a necessidade de projetos voltados à agricultura familiar incluir ações de prevenção aos incêndios florestais em suas estratégias de ação. “Com as mudanças do clima, os períodos de seca se tornarão mais prolongados e isso pode causar muitos prejuízos no campo, como já vem acontecendo”.

 

 

Metodologia – O projeto contou com as etapas de Diagnóstico, Plano de ação, Cursos de CSA, com conteúdo filosófico e prático, Planejamento e Mobilização, Plano de Monitoramento e Avaliação, Elaboração de Cartilha Didática e Relatório Final.

 

O objetivo era implantar as comunidades entre mulheres agricultoras com capacitação em Sistemas Agroflorestais (SAFs) e produção agroecológica e bom relacionamento com a comunidade rural adjacente.

 

De acordo com Andrea Zimmermann, a CSA não é um modelo que exclui outro e se constitui como uma tecnologia social, um movimento que olha para bem-estar das famílias no campo e nas cidades. Ela destaca que a característica fundamental é que não se trata de uma cultura do preço, mas do apreço. “As pessoas podem se olhar nos olhos, saber de onde vem o seu alimento, conhecer pelo nome que o produz”, ressalta.

 

Nas comunidades que Apoiam a Agricultura, os produtos do campo não são precificados. Quem vive da agricultura, concorda em dividir os custos da produção, já as pessoas que recebem os produtos do campo, passam a ter uma relação de confiança e transparência, que as transforma de consumidoras em coagricultoras.

Na prática, um coagricultor paga um valor mensal e, semanalmente, retira em um Ponto de Convivência, um local de fácil acesso e escolhido em consenso, a sua cesta contendo entre sete e doze itens, sem embalagem.

 

São frutas, hortaliças, raízes, Plantas Alimentícias Não convencionais (PANCS), que não são escolhidas previamente, mas determinadas pela safra e período do ano e ainda produtos especiais, como biscoitos de fabricação caseira. No DF, exemplifica Andrea, as CSAs envolvem 50 famílias de agricultores familiares e mais de mil famílias de coagricultores, o que gera uma renda anual de R$2,6 mi para as pessoas do campo.

 

Famílias beneficiadas – Responsáveis pela CSA Ipê Rosa, Gizelma Fernandes e Gedilene Lustosa eram só alegria. Gizelma diz que era a única que produzia na chácara da família e que entrar no projeto mudou essa realidade. “Agora, são três irmãos ajudando na produção e vejo meus pais sentindo muito orgulho de mim”, contou.

 

O marido de Gedilene Lustosa sempre foi agricultor convencional e trabalhava sozinho na roça. “Agora, após o CSA, todos se reuniram. Foi uma revolução. Antes, cada um cuidava da sua vida, separadamente, agora temos um projeto em comum, estamos eu, meu marido e meu filho, que estava desempregado. E a ideia é incluir mais jovens da nossa família”, comemorou. Ela diz que vê mudanças financeiras e na chácara como um todo. “O componente agroambiental traz mudanças visíveis que chamam a atenção dos vizinhos e da família”.

 

Maria Pereira, coagricultora do CSA Ipê Rosa, contou que já tinha a visão de que devia ser adepta da alimentação orgânica. “Mas eu ia no mercado e voltava com um monte de embalagem para jogar fora. Hoje quando vejo que não preciso mais fazer isso, me dá muita satisfação. Sinto que estou contribuindo com a natureza, com a sustentabilidade”.

 

Ilnéia e Adriana Rocha, mãe e filha que passaram pelo projeto e criaram a CSA Água e Vida, disseram que tinham muito a agradecer pelas mudanças que foram implementadas na chácara. “Aprendi a plantar. Este projeto trouxe dignidade para a minha família”, diz Adriana. Já Ilnéia disse que o projeto trouxe qualidade de vida e que, por meio da Sema e parceiros, aprendeu a plantar, vender, distribuir melhor sua produção. “Isso é muito gratificante. É a dignidade que veio para o campo”, disse.

 

 

Emoção – A coordenadora-executiva do CITinova na Sema, Nazaré Soares disse estar emocionada com o depoimento das beneficiárias do projeto. “No início, a gente tinha muitas dúvidas sobre como implementar esta ação. Mas hoje vemos que tomamos as melhores decisões”, afirmou. Ela também destacou a gestão do secretário Sarney Filho, pela sua capacidade em acreditar nas inovações e ainda, a parceria com Seagri e Emater.

 

A subsecretária de Gestão Estratégica da Sema, Márcia Coura disse que agradecia muito pela oportunidade de escutar os depoimentos das mulheres. “Vemos o impacto na vida e o fortalecimento da cadeia de produção, o que é muito rico para nós que também atuamos no projeto. Anseio que estes resultados sirvam de exemplo para o resto do país e possam ter um efeito multiplicador”.

 

O subsecretaria de Gestão das Águas e Resíduos Sólidos da Sema, João Carlos Couto Lóssio, destacou o carinho e amor com que o projeto foi conduzido e recebido pelas beneficiárias. “A produção, engajamento e a confiança depositada pelo secretário Sarney Filho se sobressaem aqui”.

 

O gerente de Agricultura Urbana da Emater, Rogério Vianna, disse que tinha interesse em fortalecer o projeto das CSAs a partir do uso dos resíduos orgânicos como adubo. “As CSAs trouxeram, de fato, aproximação rural e urbana e o resíduo que é poluidor em um lado pode ser reutilizado no outro”, afirmou.

 

Assessoria de Comunicação

Secretaria do Meio Ambiente