Sema, Seagri, Brasília Ambiental e Caesb participaram das apresentações
A Secretaria do Meio Ambiente realizou na quinta-feira, (24/3), um webinário para apresentar os resultados de iniciativas do Governo do Distrito Federal que têm colaborado com a preservação dos recursos hídricos a partir da recuperação da vegetação nativa. O evento faz parte da programação da Semana da Água, cujo dia mundial foi na terça-feira, 22 e contou com o apoio do Projeto CITinova de Planejamento Integrado e Tecnologias para Cidades Sustentáveis, do Ministério da Ciência e Tecnologia- MCTI.
A programação contou com a apresentação dos projetos Ações de Recomposição da Vegetação Nativa do e Recuperação da Orla, realizados pela Sema com recursos do CITinova. Além do Programa Reflorestar, pela Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri), Recuperação de Áreas de Proteção de Mananciais, pela Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) e, Proteção dos Recursos Hídricos, pelo Brasília Ambiental.
Na abertura do evento, Sarney Filho disse que a necessidade de destacar essas ações se dá pela possibilidade de haver uma crise hídrica ainda maior no DF, a partir do que indica relatório recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). “Já sabemos que teremos mais dias de seca e menos dias de chuva, sendo que mais intensas. Por isso, temos que trabalhar na adaptação e mitigação. As crises que virão serão menos severas se continuarmos nesse trabalho”, afirmou.
A coordenadora nacional do Projeto CITinova no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Ana Stival, contextualizou o DF na previsão das Nações Unidas de que, em 2050, 70% da população mundial viverá nas cidades. “Então, a sustentabilidade urbana é fundamental. O DF entrou no programa do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), que atua no mundo todo, com um investimento de 7 milhões de dólares”, disse.
O gestor de Portfólio da América Latina e Caribe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Asher Lessels, destacou que o IPCC também apontou que mais de três bilhões de pessoas no mundo hoje vivem em contextos vulneráveis às mudanças climáticas. “Todos sabemos da importância dos recursos hídricos e o instituto aponta que impactos e riscos das mudanças climáticas estão se tornando cada vez mais complexos e difíceis de lidar”, destacou.
Para Lessels, a Sema está avançando na proteção dos recursos hídricos do DF, com foco em soluções tecnológicas e sociais que podem ser replicadas em escala para todas as bacias hidrográficas do DF.
O Programa CITinova no DF tem duas ações-piloto de recuperação de áreas degradadas: uma de boas práticas, focada na agricultura familiar, e outra de recomposição de Áreas de Preservação Permanente (APPs) de entorno de nascentes e cursos d’água, bem como áreas de recarga hídrica.
A assessora especial da Sema, Mona Bittar explicou, na primeira apresentação do webinário, como foram implantados 20 hectares de Sistemas Agroflorestais (SAFs) mecanizados, beneficiando 37 propriedades. “Já estamos indo para o terceiro ano de implantação e, posso dizer, porque acompanho de perto, que os projetos estão produzindo em abundância”, informou.
Os SAFs são um tipo de cultivo baseado na dinâmica da floresta, que combina espécies florestais e culturas agrícolas e pecuária. O objetivo é conciliar o equilíbrio ecológico com a geração de renda, por meio da venda de produtos orgânicos.
Já a recuperação de nascentes das duas principais bacias hidrográficas do DF, Paranoá e Descoberto receberam 67,5 mil mudas de árvores nativas, em 80 hectares. “Agora, estamos na fase de monitoramento e manutenção. Atendemos 67 produtores rurais e dois parques ecológicos – Águas Claras e Riacho Fundo”, explicou a coordenadora de Recursos Hídricos da Sema, Patrícia Valls.
A subsecretária de Assuntos Estratégicos da Sema, Márcia Coura, apresentou as ações de recuperação da orla do Lago Paranoá, por meio do plantio de espécies nativas do Cerrado. A demanda total de recuperação é de 524 hectares. “Percebemos que não basta proteger os primeiros 30 metros de orla se tem uma região acima da APP que está muito ruim. O carreamento de solo continua acontecendo. Portanto, ampliamos a área de atuação”, explicou. A áreas do Lago Sul e Riacho Fundo receberam mais de 43 mil mudas. Uma das 50 placas instaladas pelo projeto diz: “O verde desta área protege o azul do Lago Paranoá”.
Segundo ela, a Orla Norte do lago também será atendida, por meio da iniciativa Recupera Cerrado, que será lançada nesta sexta-feira, 25, às 9h, no Parque Ecológico das Garças. Realizado pela Sema e pelo Instituto Brasília Ambiental, em parceria com a Fundação Banco do Brasil (FBB) e execução do Instituto Espinhaço, o projeto conta com recursos de R$ 1,2 milhão provenientes de compensação florestal. A previsão é de que sejam recuperados 40 hectares.
“A recuperação vegetal da orla do Lago Paranoá contribui para a estabilidade da margem, a preservação dos recursos hídricos e a manutenção da biodiversidade. Entre os benefícios, estão a mitigação climática, melhor qualidade de vida, opções de lazer e prática de esportes e o embelezamento da cidade”, finalizou Coura.
GDF – Representantes dos demais órgãos ambientais que apresentaram iniciativas concordaram com a necessidade de atenção à ocupação irregular, que pode colocar em risco a segurança hídrica no território.
O Programa Reflorestar foi detalhado pelo técnico da Gerência de Adequação Ambiental, Rogério do Rosário, da Seagri. A iniciativa fornece mudas nativas do cerrado para recuperar e proteger os recursos hídricos e a conservação do solo.
“Buscando sensibilizar, por meio da educação ambiental, os produtores para a adequação ambiental dos lotes rurais, com a recuperação das áreas de preservação permanente (APP) e recomposição de reserva legal (RL)”, afirmou.
O gerente de Gestão de Bacias de Mananciais, Henrique Cruvinel, apresentou ações de Recuperação de Áreas de Proteção de Mananciais (APMs) pela Caesb. Ele destacou que na bacia hidrográfica, a água não é manejável. “É necessário a gente ter um saldo positivo. E como influenciar nesse balanço hídrico, como recuperar ambientalmente uma bacia hidrográfica?”, perguntou.
Como pontos para reflexão, ele argumentou que algumas variáveis, como a disponibilidade hídrica, não são manejáveis e dependem dos regimes de chuva. “Armazenamento é parcialmente, há casos em que só se consegue acumular parte do volume precipitado e não se conhece o comportamento da água no solo. A regulação depende da disponibilidade hídrica e controle do estado e mais uma série de fatores.”
As atribuições da Diretoria de conservação e Recursos Hídricos do Brasília Ambiental foram mostradas pela analista Janaína Starling, principalmente no que se refere ao Programa Adote uma Nascente. https://www.ibram.df.gov.br/programa-adote-uma-nascente/
Voltada a orientar interessados voluntários, sejam entidades públicas ou privadas, pessoas físicas ou jurídicas, a cuidar de uma nascente, a ação envolve técnicos do Brasília Ambiental que visitam a área, prestam informações e apoiam as medidas de recuperação . “As pessoas interessadas podem se inscrever para participar. Mas agora estamos também buscando nascentes que precisam ser adotadas e fazendo o seu mapeamento”, disse.
Para ela, é preciso fazer com que a gestão da água seja democrática e enxergue todos os entes, sociedade civil e órgãos governamentais que tratam do tema. “No sentido de conseguirmos ter debates e deliberações para o melhor uso dos recursos hídricos”, disse.
Assessoria de Comunicação
Secretaria do Meio Ambiente